Para aqueles que gostam de um bom samba, logo
associam o nome do famoso compositor da verde e rosa Mangueira ao
nome desta matéria. Nada melhor que utilizar como exemplo,
um dos maiores intérpretes da nossa música, com um
apelido tão peculiar para exemplificar a preparação
efetuada neste Chevrolet Opala ’72 de propriedade de José
Gutemberg. Assim como a voz do mestre Jamelão, o ronronar
deste 6 cilindros soa aos ouvidos como a mais perfeita melodia.
É a primeira coisa que se ouve quando o belo Opala roxo se
aproxima, por vezes, fazendo o corpo de quem observa tremer quando
o som grave e forte sai pelo escape de 2,5” com apenas um
abafador, rumado do coletor dimensionado.
O motor 250-S teve sua cilindrada ampliada de 4.1 para 4.3 litros
com a adoção de cilindros maiores (da versão
4 cilindros). O cabeçote foi rebaixado em 2mm e retrabalhado
com o uso de tuchos mecânicos com molas mais firmes para evitar
flutuação as válvulas originais em rotações
mais altas, pois o comando 250-S costuma imprimir um ritmo frenético
ao conjunto. Para alimentar a orquestra, um carburador 3E retrabalhado
recebe álcool da bomba de combustível do GTi. Futuramente,
o 3E cederá lugar à uma Webber 44 ou um Quadrijet
de 750cfm, ainda em estudo pelo preparador Marcelo Barros da MB
Auto Reguladora que é quem cuida da afinação
e desempenho da máquina.
Transferir a tração para as rodas é tarefa
para o diferencial Danna 40 vindo do Omega 3.0, que em conjunto
com o câmbio re-escalonado, faz com que o Opala Jamelão
demonstre vigor em todas as ocasiões. Para evitar oscilações
em altas velocidades, a suspensão foi re-pensada utilizando
os amortecedores mais firmes, ainda com molas originais do 6 cilindros.
Parar também não é problema pois com freio
a disco nas quatro rodas e pinças de Golf GTi, alguns excessos
são tolerados.
Quando parado, o que mais chama atenção são
as imensas rodas. As 1000 Miglia de 18” calçadas por
pneus Michellin 225/40-18”, que tem o duro trabalho de mandar
para o chão toda a fúria do motor. Fora isso, a cor
também faz pescoços entortarem. Um tom roxo escuro
que brilha muito e combina perfeitamente com o teto forrado em vinil
negro, trazendo uma certa nostalgia e uma lembrança forte
da fruta pouco conhecida, contrastante com as imensas rodas.
Adentrar nesse carro traz uma sensação de saudosismo.
O interior praticamente original, traz somente alguns instrumentos
extras para o monitoramento do motor. O console central recebeu
apenas um hallmeter da ODG e um shift-ligth, para avisar a troca
de marchas. A alavanca de câmbio recebeu um pistão
como acabamento, deixando o carro com uma aparência interior
“ignorante”. A forração dos bancos é
em tecido e o imenso volante não apresenta nenhuma trinca,
falha ou desgaste assim como os forros de porta originais, ainda
com placas de madeira intáctas. Um primor!
“Opala 6 cilindros não precisa de som!” É
com esta exclamação que Marcelo Barros explica a ausência
de sonorização no Opala. “Até tinha,
mas foi roubado e decidimos deixar sem. Sobrou só o par de
TS-6986. Quer barulho melhor que os seis cilindros embolando em
baixa e roncando forte em alta?”
Quem tiver a oportunidade de ver e ouvir este belo exemplar de Opala
nas ruas, fique bastante atento. Ouça o ronronar do motor
e corra pra escutar o bom samba do Mestre Jamelão. Comparações
inevitáveis e o “barulhinho bom” contagiam e
empolgam até mesmo aqueles que não gostam.
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