Ok, muitos hão de discordar, mas a verdade
é apenas uma: os GM seis cilindros são indubitavelmente,
a verdadeira paixão nacional quando se falam em motores de
grande cilindrada. Certo, existem os V8 com seus enormes blocos,
peças gringas e centenas de cavalos que desembarcaram no
Brasil na década de 70, tempos áureos de gasolina
barata, asfalto em bom estado e pistas livres de radares.
Os GM´s seis “canecos” nasceram exatamente para
desbancar os gigantes V8. Apesar de utilizarem dois cilindros a
menos e uma disposição pouco comum para um seis cilindros
(normalmente as fábricas preferem os V6), os Opalas possuem
peso bastante inferior aos Maverick´s 302” V8, o que
compensava a falta dos dois cilindros, se é que numa briga
direta esses dois cilindros fariam falta.
Pelo sim, pelo não, a verdade é que os V8 ainda hoje
encrencam com alguns Opalas. Com mecânicas revigoradas após
30 anos de uso, essas máquinas ainda hoje causam furor mesmo
entre a molecada mais nova que aprecia o gostoso ronco de um belo
seis cilindros “embolado” em baixa rotação.
Um dos grandes apreciadores dessa mecânica e que, não
aceita levar desaforo pra casa dos V8 é Célio Camelo,
proprietário de um lindíssimo exemplar fabricado em
1977. Mesmo com seus 31 anos de idade, esse belo Opala esbanja classe
e força com um lindo ronco em alta e uma embolada perfeita,
demonstrando ótimo acerto, em baixa rotação.
Com todos os detalhes em perfeito estado, essa máquina entorta
pescoço até mesmo daqueles que não tem lá,
grandes paixões pelos Opalas. A pintura Bege Ipanema conserva
o tom da pintura original com a lataria sem qualquer sinal de retoque
ou arranhão. Um dos detalhes mais chamativos no exterior
é o meio teto confeccionado no estilo Las Vegas em vinil
negro com suas bordas minuciosamente acabadas com detalhes cromados.
As lanternas traseiras foram substituídas por modelos embutidos
e as rodas de aço de aro 14” originais saíram
de cena para dar lugar às rodas do Diplomata 92 de 15”
com pneus dianteiros 195/65-15” e traseiros de medida 205/60-15
agregando estrutura e beleza ao conjunto. Manobrar não é
problema, afinal de contas, a direção é hidráulica
e as novas rodas não atrapalharam nem um pouco a dirigibilidade.
Ao adentrar no ’75, precisa-se de tempo para contemplar os
detalhes da conservação e aprimoramentos do modelo.
As portas ainda conservam os detalhes em madeira e foram forradas
em couro negro, bem como os bancos de desenho original tanto na
dianteira como na traseira. Os puxadores e manivelas dos vidros
são cromados e remetem àqueles áureos tempos.
O painel conserva-se original e o único “estranho no
ninho” é um enorme conta-giros, da LYF com memória
e shift ligth instalado na parte superior do painel.
A aparelhagem sonora é suficiente. Nada de barulhos mais
altos que possam suprimir o barulho do seis “canecos”.
Um toca CD Kenwood KCD 2165 faz o trabalho de mandar sinal para
o módulo Pyramid 800 Gold Series tocar os dois tweeters,
a corneta e dois subwofers Selenium de 12” montados em uma
caixa selada no porta-malas pelo Beição, da Evolution,
grande amigo de Célio. “Opala não tem que ter
som. O gostoso é o ronco do motor!” – exclamou
o preparador Marcelo Barros da MB Auto Reguladora.
Marcelo é o responsável por toda a preparação
sofrida e a que virá a ser feita nesse motor que recebeu
os pistões do modelo quatro cilindros, o que elevou a cilindrada
(originalmente 4.100cc) para 4.300cc e de quebra elevou a taxa de
compressão, tornando ainda mais ignorante a “patada”
do Opala. O comando utilizado é o famoso 250S, um comando
“apimentado” feito para as versões mais fortes
dos Opalas. Esse comando equipou a famosa versão SS, que
fez fama entre os aficionados justamente por desbancar os V8 com
mais facilidade. Para dar conta dos novos cavalinhos, as velas foram
trocadas por novas NGK B9EGV (grau 9) e os cabos agora são
os grossos FinaParts em silicone de 8,0mm e enviam as centelhas
na medida pra garantir força em qualquer rotação
para a usina. Esse Opala bebe (muita) gasolina pelo carburador DFV
446, mas que futuramente dará espaço para uma Webber
44. Na exaustão foi montado um escape de 2,5” com apenas
um abafador para dar uma quebrada na barulheira do motor, que embola
bonito em baixa e ronca forte e grosso em altos giros. Para mandar
toda a ira dos cavalos gerados pelo motor para as rodas, utilizou-se
o diferencial Danna 40 (original), que vem agüentando muito
bem a forte tocada de Célio. Para não destoar da primazia
no cuidado do veículo, o bloco do motor foi pintado no tom
vermelho cereja da Honda CBX 250 Twister. “Todo mundo dizia
q ia descascar,
mas até hoje não aconteceu nada.” – diz
Célio, apreciando seu xodó.
Não adianta, pode passar o tempo que for, sempre existirão
aficionados por V8´s e sempre haverão os seis “canecos”
prontos para brigar de igual para igual. É como diziam: “Paixão
não se discute”, mas será difícil alguém
não se apaixonar por esse belo exemplar ao vê-lo passar
rápido, beeeeeeem rápido.
|